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quarta-feira, 18 de maio de 2016

Conversas da Esfinge



Há um e outro diálogo que por vezes, dada a sua natureza e obviamente, os seus interlocutores, entra no campo das reticências. Nem tudo é dito até ao final da frase, nem tudo é completado para certeza de um dos que se mantém na conversa, nem tudo é afirmado ou negado para total clarificação dos participantes.
A certa altura, a conversa entra no campo das metáforas.
Quase parece perigoso dizer declaradamente o que se pretende. Insinua-se. Contorna-se. O verbo retorce-se de tal maneira que cada um fala de sua coisa e os dois - ou mais - acham que a resposta ou a pergunta é a adequada àquilo que pensam.
Na realidade, ninguém acaba a perceber nada. Subentende-se. É o chamado tira-se umas por outras, ler entre linhas.
Claro que este tipo de discurso é campo aberto a mal-entendidos, confusões, suposições directamente proporcionáveis à expectativa de cada um, o que vem invariavelmente gerar decepções, contradições, o dedo apontado do tu disseste e afinal! Lógico que outro se defende na parede da esfinge, um tipo de conversa abstracta e por enigmas, muito dado a derrotas caso a solução não seja favorável para o seu lado, eu nunca disse isso, se o entendeste assim, foi mal da tua parte.
As conversas da esfinge têm o pecaminoso paladar da exultação do sucesso, porque afinal até convencem o próprio do dom da palavra mas realmente, são conversas, e para tal são precisos mais que um e destes há sempre o arbítrio da escolha, de um tão semelhante dom ou melhor, mas sempre, sempre se mascaram num areal de palavras que escapam à certeza de uma distinta afirmação.
 
 

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