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quarta-feira, 30 de março de 2016

Ainda lembro (quando chega a Primavera)


 
A meados do morninho chegava a toleima, uma coisa sem explicação que não era doença mas afectava, sem tempo certo mas certa de aparecer, flutuava até assentar e as ideias essas - na boca de gente grande - paryas, que não haveriam outras ou outras que se demonstrasse só aparentavam não ter miolo e como tal voavam, uma cabecinha de vento que se deixava ir soprada ao sabor do sol, da aragem, das vozes que transportavam a outras latitudes na continuação de historietas fabricadas no mundo da lua ou até noutros planetas inventados.
Com o crescer acrescentaram-lhe outras legendas, disseram-lhe da paixão, contaram-lhe do enamoramento e apontaram-lhe a culpa aos olhares virados às estórias da carochinha, corações palpitantes que desculparam pela loucura da juventude e o pouco tino ao discurso.
Mas as Primaveras repetidas e o esforço gigante da concentração não lhe esqueceram a fuga das nuvens e a correria dos campos verdes entre joaninhas vermelhas e ribeiros cristalinos. Abre o livro neste dia e faz de conta que lê, ninguém percebe onde está, só ela, parva e muito velha tem a página da infância de resguardo.

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