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sábado, 13 de fevereiro de 2016

Instantâneo - Episódio catorze



Acaricio o branco das páginas, a alegoria da lâmpada de Aladino talvez me traga o verbo, talvez o instantâneo seja Arábica fresca de moer, nem os gatos se avistam, enroscados na preferência das pregas de cama quente ao pasmo frio do corpo que nem a manta pelos joelhos consegue ser chamariz bastante para um consolo de alma quando tudo se apresenta parado. Queres café, diria eu ao Gaspar e ele responderia tu és louca mas o Alberto mal começado nestas lides ignora aflições de escrevinhação e as perguntas que lhe possa fazer apenas lhe abrem os olhos amendoados para logo os voltar a fechar sem outra solução senão a companhia, pequenos ruídos de bocejo aborrecido pela inactividade do tempo a passar. Um golo, a desolação da realidade do café tão de fingir quanto as linhas imaginadas para corrigir escritas em sobe-e-desce, não-sobe, não-aparece, não me aquecem as letras no pêlo dos gatos ou a conversa tão intensa quanto uma estória de deitar [nem o melhor polimento conseguirá fazer o Aladino saír] com um cão de olhos de amêndoa. Bebo, bebo tudo até nada ficar e o círculo branco ensanguentado do fundo da caneca ecoa a tempestade que faz lá fora. Tu és louca ouço, e reconheço no tom grave e saudoso o afago da tinta ao papel.
 
 

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