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quinta-feira, 14 de janeiro de 2016

Não me apetecem palavras



 
Não sei o que me apetece porque nada me serve e tudo o que diga serão apenas palavras de dizer, veículos de som para contar o que não me apetece dizer, não quero responder, não quero pensar em palavras escritas e tão pouco estas têm aparecido para me visitar.
Talvez se tenham ido de vez.
Afogado lodosamente num pântano até se estagnarem de esquecidas na vivacidade que possam um dia ter encontrado à luz do sol ou no tactear adivinhado nas noites misteriosas, serão restos de restos, um acumulo de despejo escondido sem som nem vontade que se afasta pelo cheiro fétido do tempo, esquecidas.
Uso as palavras como uso de esquecidas, de não escritas, de um obrigado que se aprendeu, de não tenho fome de prato esticado, de horário em relógio sem corda, digo palavras para saberem que as sei dizer e que as sei calar por não lhes saber o que fazer quando as olho mudas a fitarem-me à espera que as chame.
E eu sem vontade.
Sem saber o que me apetece enfartando-me no lodo.

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