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domingo, 24 de janeiro de 2016

A distância da memória [às palavras]


 
Conforme o fastio chegou assim a abundância das palavras se apresentaram, renovadas não sei, balsâmicas para o alivio da queimadura da tristeza da saudade é como mais as sinto, quase frescas como um perdão embora não saiba qual o meu pecado. Talvez a distância, a não-distância dos cheiros e sons, o face-a-face com os instantes que se disparam luminosos e repetidos a pedirem para serem incalculavelmente visitados e  o aperto da mão esticada ao nada.
Ouço-lhe as patas no soalho, a respiração profunda das brincadeiras que mantivemos por mais de dez anos, o arrebitar das orelhas e o aceno da cauda felpuda, tudo pedaços que vou colhendo do chão em tufos de pêlo que despontam como memórias do palco que guardei em caixas de cartolina grossa.
Na verdade, as palavras que agora pediram para se escrever são as que não sou capaz de dizer, guardo-as, há coisas profundas que se devem manter no silêncio da tinta, diluídas, para que aos outros não ofenda a nossa tristeza.

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