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quinta-feira, 17 de dezembro de 2015

O céu da boca (Palavras Reencontradas) 12



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Aquele foi um tempo de infortúnio porque de desperdício, porque de fartura, de riqueza e de felicidade e de tristeza e de tanto que me enchía a boca como as mãos na direita ou na esquerda sem escolha preferida porque chegavam sempre sem sossego e eu agradecida corría ao papel que tinha ou à memória que aguentasse para registar o que não se estancava.
Tempos de mãos rotas, a Versailles ficou como um marco de loucura que observo como vicio que receio de voltar a render-me e do lembrar tanto que me esqueci, ainda tanto que redescubro como escondido no céu da boca a pensar que já o escrevi nalguma página arrecadada, amachucada e perdida por querer perder, reencontrada por reviver afastada assistindo aos actores de mim e outros desconhecidos, à espera, entre o ruído da vida de muitas palavras a entrarem e a saír, a sua vez de dizer.

 
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(in O céu da boca (Palavras Reencontradas), Julho 2014)