Houve um tempo em que dormia muito, muito mesmo, quando tinha horário para isso dormia para lá do meio-dia, uma da tarde, um sono profundo que não ouvia ruídos de casa nem outros barulhos de fora e despertada, havia sempre uma contrariedade por achar que não tinha dormido o bastante ou porque tinha sido interrompida no melhor dos sonhos ou de coração disparado, tão mais atormentada a meio de um pesadelo.
De um dia para o outro deixei de dormir.
Não foi de grande quantidade para uma redução gradual, foi literalmente dormir na véspera e na noite seguinte não voltar a dormir , não fechar os olhos, não precisar de desligar do mundo acordado para o mundo do sono, quanto mais cansaço sentía mais energia acumulava.
Depois de um par de anos a tentarem reparar o defeito que o meu sono tinha, voltei a dormir. Mas em doses pequenas, ou pelo menos para o que é entendível para o padrão normal da maioria. A mim chega e até acho um desperdício.
É que entre estes tempos de fartura do isolamento nos sonos e da ausência desse mundo, criou-se uma bolha ao meu redor do diâmetro dos meus braços abertos, medida que temos em nós como território privado. E foi nele que finalmente aceitei quem me visitava de mim, sem estereótipos de loucura ou desvios à personalidade.
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