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segunda-feira, 12 de outubro de 2015

Um dia há-de passar


 
Depois de dois dias seria normal vir descansada mas bufa, sopra, aperta os lábios na contrariedade da obrigação, olha a escapatória do reservado para poder chegado o momento da confidência e se dizer estafada, farta, não sei se do agora se do que trás do fim-de-semana, crispam-se-lhe as mãos, as palavras na frase incompleta, as sobrancelhas, eu que adivinhe ou que lhe peça para continuar, afinal será só isso, um pouco de atenção para si e nada mais, nem trabalhos nem trabalhinhos entre o mundo profissional e o universo doméstico onde não percebem o primeiro e deste último só quer a porta fechada, a cabeça tapada pelas cobertas mas ainda assim tem que andar para frente. Suspira, diz que já lhe passa, há-de passar um dia e encosta a testa no braço como se lhe chegasse uma dor de desespero que não sabe apontar para a cura, que é uma  letra de uma música e que só está bem onde não está, abano os queixos e canto baixinho e ela num gesto pede para parar. Tem medo de começar a chorar e não conseguir parar.
 
 

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