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quarta-feira, 21 de outubro de 2015

O bater do coração (vinte e nove)


 
Terá sido o enjoo do dia ou o transbordo de ruído excessivo ou somente a loucura. Direi, resumidamente como se não prestasse grande atenção que já não quis saber mais porque já nada mais tinha grande relevância quando os rostos se reconhecem à mesma forma, todos semelhantes numa tristeza pintada a um tom sem olhos distintos de outros, ou então, simplesmente porque me apeteceu.
Ergui-me da cadeira bem sentada e nos braços ondulei a imitação do voar, girei em mim, o pescoço alto.
O silêncio musicou a perfeição dos segundos, de seguida vieram as gargalhadas, algumas palmas a fechar a pirueta que ofereci.
Vi-lhes os dentes, a língua avermelhada, o comentário sobre o jeito circense para dispor bem a plateia sisuda e o meu coração agitado pediu recato à pele, à roupa, aos gestos e ao olhar porque ninguém me vira despida nos passos toscos de dança que precisei sentir para não me perder.
Voltei ao que fazia, todos recompostos. Só a veia no meu pescoço, teimosa, insistia em manter-se em palco.

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