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sexta-feira, 23 de outubro de 2015

Explosões



Ficar com a cabeça à roda ou ver-se em latitudes onde o mapa, indecifrável por mais ângulos que se lhe procure não se acha o ponto onde estamos para referenciado apontar-se o norte na bússola louca que gira os ponteiros magnetizada por lembranças de já aí ter passado sem localizar o sitio, é o mesmo que ter bem presente a memória de uma cena passada há uma dezena de anos mas não recordar a refeição do dia anterior. Sabe-se que se comeu mas o quê, onde e com quem parecem ter sido recortados como dispensáveis e supérfluos substituindo minúsculos reavivares de sons de fala e até cores que pareciam de somenos importância. Aparecem como pequenas explosões, perguntamo-nos de onde vieram, porque raio nos puseram a cabeça à roda dispersando a atenção quando nos perguntam onde almoçámos ontem e o esforço para trazer a véspera, compreender o ressurgimento do passado e ainda mantê-lo para acaricia-lo, embrulha-nos o estomago, dobra a língua no silêncio das reticências, coçamos a cabeça. Quem nos interpela perdoa, acha que é senilidade precoce. Mas só acontece aos que muito já guardaram dentro de si, nada a ver com tempo de vida, muito de vida vivida.
 
 

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