Logo hoje que chuvisna tenho o sabor de mar a entrar-me pela boca, aquele gosto acre a salgar à roda dos lábios e que tentamos com a ponta da língua tocar até ao nariz, proezas de concurso enquanto se enxuga na toalha depois dos mergulhos e se sacode o pão caído na areia que treme entre os dedos frágeis e mirrados do gelo de tanto tempo de molho.
Será que dormes, não ouves o mesmo que eu, Rajá fresquinho, não sei como fiquei a gostar tanto de chocolate, aguadilhas cor-de-laranja a pintarem braços e cotovelos como índios e os bonequinhos de brinde que não sei onde foram parar, há mistérios na minha vida que nunca hei-de resolver por mais que pense neles, tu dormes?
Logo hoje que as pingas da chuva cantarolam no varandim e tantas saudades eu tinha mais ainda me deu dos dias de Verão, dos outros, dos que não posso ter, dos que a água se enxugou em água de chuva e agora me visita para me acordar.
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