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quarta-feira, 9 de setembro de 2015

Saliva



Se pudesse desenroscava a cabeça e entalava-a entre joelhos, veio um golpe de cutelo e deu-me certeiro no pescoço, eu a mim digo, que mordo a língua não pelo arrependimento mas pelo arrepio que esta dor me está a custar na decisão executada.
E vai que não se fica na saliva engolida de calar em silêncio o que custa, custa. Ainda perguntam se dói, onde dói, porque dói, porque quero que doa, porque faço para ter dor.
Ah... Quase peço a morte aos berros a ver se espanto a multidão que não entende que a boca apertada não é promessa nem mau hálito, acaso sou de recato de palavras ou de sorriso para quem gosto, é mesmo dor de quem quer estar só e não espalhar o veneno deste mal-estar quando sei que o remédio é esperar a cicatriz acalmar até o tempo sobrepor na ferida aberta dos dias a temperança do enamoramento de outras palavras, novas palavras que me façam erguer a cabeça a despertar a sonoridade de velhas palavras.
Mas por agora dói, sinto um silvo que me agacha como se ardesse um corte na língua. Mordo-me.
 
 

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