A criança do lado vai fazendo perguntas, um espanhol pequenino e interrogativo como saído de uma gravação de uma boneca. A avó espanhola, de visita, responde a tudo com muitas palmas e cantoria, um som volumoso que deve ter o posto o gato a esconder-se num recanto.
Ouço-as distintamente na minha casa, depois a música infantil, o coro, de novo as palmas, os guinchos da pequena Maria excitada a repetir e a repetir como um eco qualquer coisa a que achou muita graça.
Vem a mãe, diz o seu nome na entoação portuguesa e com pedidos para reduzir o barulho e a Maria responde no mesmo nível sonoro de sempre mas em lusitana expressão que está a brincar com a abuela e desta só ouço preciosa, preciosa.
Imagino que a aperte e a beije entre as palavras replicadas mas só escuto os silvos dos gritos da criança bilingue, que sendo uma expressão natural não têm como berro que são qualquer nacionalidade, são apenas momentos felizes, alimento que guardará por toda uma vida e se tornarão jóias quando em Domingos baços lhe trarão brilho e claridade para sorrir. Silenciosamente.
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