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sexta-feira, 14 de agosto de 2015

Absolvições



Apesar da brisa quase me brincar nos cabelos e serenar a intensidade com que fervem os pensamentos estes não passam, não vão com o ar que se renova ou é novo na passagem quando se sente outra vez o sopro no rosto a aliviar o rubor do que pressinto ser febre no corpo a electrizar-me, quase raiva, quase cólera do que ficou suturado na boca, agora a fazer-me mal pelo estômago, toda eu entranhas de palavras tão bem colocadas e sonoras que se ficaram na insonoridade dos ruídos de dentro, foram-se como a brisa que brinca entre as mechas de cabelo e me despenteiam e por mais que acame e segure sempre se revolteiam e sossegam quando desisto. Falo comigo. Não são monólogos. São puxões de cabelo. E a brisa leva algumas palavras que não consigo distintamente perceber para que a dureza do cenário não se transforme em mim condenando à inscrição do que escuta perdido da minha boca, alivio o passo, a raiva, as raivas de todos os culpados com crime e sem ele, absolvo-me, aproveito o verbo e dou cor à paisagem.

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