Todos querem partir, a urgência da saída na voracidade das horas anseia-lhes os pedidos, as exigências, hoje é o dia em que se afastam do Ano e de cabeça atiram-se ao mês por baixo da folha de calendário última, o próximo, o imprescindível e absoluto tempo em que extravasam o corpo e a alma, uma velocidade a empacotar pertences e desnecessários, escoa-se a cidade, entopem-se enfileirados ao mesmo sentido, tudo o que têm é o horizonte das costas deixadas ao cumprimento, agora obrigam-se a chegar, a entrar.
Calcorreio passeios pela cidade que se vai vazando emagrecida pela fuga, quase cheiro de desastre na insanidade do ruído, também eu hei-de entrar, mas num regresso aqui com espaço, ar, férias das férias dos que se precipitam no atropelo do ir, ruas de novo alargadas pela ausência de nada mais que caminhantes, descobridores à mão de semear, sem pressa, apenas assistindo o dia a vir e a descer raiado tricolor nas águas do Rio.
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