Todos os textos são originais e propriedade exclusiva do autor, Gasolina (C.G.) in Árvore das Palavras. Não são permitidas cópias ou transcrições no todo ou/e em partes do seu conteúdo ou outras menções sem expressa autorização do proprietário.

domingo, 5 de julho de 2015

Boleia(s)


 
Fechar um olho [malabarismos do tempo] ao raio de sol que atrevido vem juntar-se à sobremesa rapada, restos de frutos vermelhos, riscos entre cortinas levantadas por mão de fantasma lento e suave a imobilizar de novo a matéria de algodão [translucida lembrança], faz calor hoje como naquele dia lembras-te? Qual dia, tantos dias de calor, aquele Domingo em que pedimos boleia [o veículo da memória, sobe, subimos], verdade! Olhos abertos, o Sol sentado entrevista, testemunha, ajuda a compor cenários à mesma cor daquele ano, isso foi há quanto tempo? Éramos tão novos... [sintonias de um tempo. Tempo. Acordes de pedra. Pelourinhos] E veio um jeep verde tropa a fazer um barulho imenso e tu pediste boleia e o homem de rayban disse Subam e nós subimos e agarramo-nos com unhas e dentes às pegas ferrugentas daquela lata do tempo dos Flinstones! Lembras-te que o jeep era americano e da 2ª Grande Guerra? Claro que sim![comunhão de assento nas veias] E quando saltámos tu tinhas os calções rasgados no traseiro! Os calções novos estriados com um buraco![revisitações do riso]. Fechar os olhos até ao silêncio se acomodar, é o Sol que entra que me incomoda, queres que feche? Não... [ malabarismos da palavra, boleias da memória, anda].

Sem comentários: