Já te cheira ufano a festança, nem margem tens de escolher, embora da outra o santinho te puxe a maré acolhedor. Entendo-te. Da minha, sento-me à beira, pés de molho, chapinho sorrisos e vejo turistas colherem ruidosos molduras de levar para casa em terras de bárbaro onde fumos de sardinha assada besuntam palavreados no grito pagão. Encantam-se.
Encanto-me sempre. Acolhes a cor do fogo que vai queimando os dias, bronzeias poemas e finges que não te importas, empurras o cacilheiro, manso, meigo, adormecidos os aprisionados à vida perdida na meninice que não lembram ou que emprestaram ao vizinho do lado ao passarem o jornal diário, talvez lhes tenham passado os sonhos, a mulher, os problemas, por agora nada, só a brisa fresca de ti, a paz por dentro, nem sabem.
Digo Tejo e nada digo, nada sei, engulo conchas de todos e alongo a vista para além de Belém.
(in Olhar com Vista sobre o Rio, 2012)
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