Todos os textos são originais e propriedade exclusiva do autor, Gasolina (C.G.) in Árvore das Palavras. Não são permitidas cópias ou transcrições no todo ou/e em partes do seu conteúdo ou outras menções sem expressa autorização do proprietário.

segunda-feira, 15 de junho de 2015

O livro negro dos homens (dezoito)


 
Há pessoas que ao longo de toda a sua vida cumprem, executam, sem proferir um ruído ao que lhes encomendam. Sempre foram assim desde a verde idade e desta forma se mantém, inalteráveis, inaudíveis, a maior parte das vezes, o rosto fechado ou aparentemente sem expressão de agrado ou reprovação pelo comando que lhes é transmitido. Param para receber a ordem e partem para dar cumprimento sem discussão.
Durante muito tempo este tipo de gente exasperou-me, revoltou-me, questionei-os, cheguei a agarrar-lhes os braços e a sacudir-lhos esperançosa que despertassem para a vida mas a mortalidade estava lá, apenas não se incomodavam, não queríam saber, eu incluída. A certa altura ganhei-lhes asco, achava-os colaboracionistas e fiz o que era preciso para me afastar do que me fazia mal.
Claro que a vida impele a que a convivência se faça também com estes e assim sendo, de nada me valeu, pois de quando em vez, lá estava eu na presença de um e outro e na força das circunstâncias passei a ignorar. Mas essa distância deu-me igualmente a perceber como eram apreciados!
E quanto.
Sem o desacato da interrogação nada a opôr, logo tudo sobre os eixos!
É que esta conduta não se desenrolava só a nível profissional, mesmo sendo servidos com um prato de comida que lhes causasse desgosto eram incapazes de demonstrar desafecto e até noutros exemplos achei esta falta do dizer de si, que acabei a perguntar-me o que lhes faltaría dentro deles.


 
(Lx.Set/2011)

Sem comentários: