Para limpar todas as poeiras e afastar sujidades de fim de estação, o Estio chegou-se de lavado, ainda de cabelos molhados a pingarem pelo tapete da terra, uma imagem que refrescou os olhos depois de tanto destempero de calor a adivinhar meses antigos em que cada um sabía o seu tempo, o seu lugar.
Mas hoje e para desconcerto dos homens, apresentou-se logo no primeiro dia disfarçado de outonalidades, um beiço caído para quem segura o bilhete de férias e olha os céus adivinhando a melhoria no rasgo aberto que outra coisa não mostra que pingas de chuva preciosa, engrossando a quem insiste e profere que não é sitio dela, hoje Verão, hoje sol e calor e só azul de matar olhos, e vai que molha e manda e desta natureza não há homem que comande destinos de estações a preceito.
Chuvas de Verão.
De um dia primeiro para marcar de cruz e lembrar e contar depois como estória feliz, recordo-me como tudo era simples naquele tempo, as estações eram de frio e de calor, ou chamava-se Verão quando havia calor e havia chuva e todos vinham à rua, ou houve um tempo em que as estações tiveram um nome e uma delas era o Verão e costumava fazer calor, de quando vez chovía, um certo ano há muito tempo atrás a água apareceu logo no primeiro dia...
Porque se o Verão nos prende em casa, muito do que se pode fazer é inventar.
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