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terça-feira, 30 de junho de 2015

Instantâneo - Episódio oito



Pergunta: Se é instantâneo não devería de imediato saber bem, saír bem, escrever bem?
Mergulho de nariz no aroma da caneca, as condicionais sempre travam os sentidos, fecho os olhos e faço por esquecer que se trata de uma colher de pó sem os atavios da preparação a preceito, inalo forte e aguardo o estalo da imagem, palavras como forte, encorpado, vigoroso, robusto, reconfortante, procuro, procuro e não acho, página em branco e ainda de olhos cerrados na espera que uma frase se desate à descoberta do olfacto, nada acho, nem palavras nem sentidos, o aparo da caneta seca ao ar livre da mesma forma que o meu nariz se recusa a experimentar água quente em tons de castanho e creme, suponho que este café de brincar me leva o jeito de escrever ou então a mão que escreve se ajeita mais a instantâneos, desajustes irrevelados até agora quando tudo parecia um ritual perfeito.
Molho a ponta da caneta na caneca e desenho uma chávena na folha imaculada, linhas entre um borrão acastanhado e a pureza do azul-china libertam a [necessidade de] resposta, nem tudo tem perguntas de se fazer, nem tudo, o condicional a arrefecer.

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