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quinta-feira, 18 de junho de 2015

Inovar renovando (?)


 
 
Inovar renovando, diz-se que já tudo foi inventado apenas se está ajeitando às novas tecnologias o que foi descoberto para trás, e nesta recuperação do passado aproveitam-se os vintages, realça-se o pitoresco do envelhecido, reforça-se a patine dos anos e vende-se a idéia como testada mas muito melhor agora sem os malefícios dos materiais tóxicos usados na invenção primeira.
Dou comigo em déjà vu e pergunto-me se são partidas da cabeça ou se estarei à la mode mas perante a resposta dos quantos anos tens tenho cem que há cem anos fazem e os risos que desta troca se libertam e as consequências dos diálogos pós, levam-me sempre a duvidar da renovação, porque as palavras corridas na frases deixam os outros mudos como desconhecedores da língua que nos dá a bandeira e perguntam, perguntam, três vezes e mais que idioma é este com tão bizarro verbo que falo.
Das escolas aprenderam o mesmo que eu, a tempos diferentes que eu, não ouviram falar de coisas por inúteis que foram e talvez que concorde com algumas mas do falar, da língua que têm na boca como sabor conservo-me céptica, franzo-me na ausência do conhecimento da palavra, do sinónimo, da escrita, do erro, das abreviaturas encaixotadas que significam frases como amo-te, quero-te, preciso de ti, falam de nós e da vida e do futuro em sinais conjugados que transferem para a oralidade, poupam-se à articulação.
À memória salta-me um maço de cartas atadas por uma fita de cetim, falo delas. Ácaros, dizem, alguns nunca receberam. Prometo escrever-lhes uma. Alguém diz que o faça por email.

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