Escutar palavras. Transformar palavras em imagens. Fazer destas imagens uma rua de saída e por aí escapar sem ser achado, ouvir os passos de procura e as vozes perguntando para onde foi? Rir baixinho acobertado pela noite e pensar só voltar quando decidir que o quer porque quer, deixá-los procurarem, perderem a cabeça a dar voltas como alguém se pode escapulir debaixo do nariz, uma figura de tolos.
É isso que são, uns tolos. Porque não sabem que as palavras são vielas de escape, são noites escuras que vestem do melhor disfarce à vista desarmada como um camaleão que se balança na folha verde agitada pela brisa.
Não sabem que escutar palavras é transformá-las nas imagens de arremesso com que as recebem, paredes de vidro, uma transparência que esmurra a cara e não deixa passar para o lado de cá, não, este lado meu, esse aí o de quem só cospe sons, na verdade eu nem estou mais aqui.
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