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sexta-feira, 8 de maio de 2015

Valentías



Um amigo disse-me há muito tempo que escrever era um acto de coragem. Mas que valente, ele era pouco por isso quando escrevía fazia-o com a intenção das palavras largadas ao vento, era bastante o que de sua pena saía para o conforto do verbo e alivio de si quando contemplava o oceano e a sensação que o inundava com a grandeza da água, porque logo de seguida se apercebia como as ondas se íam e mudavam e tudo era tão breve nesse estado de graça.
O fascínio do seu contar deixava-me sempre silenciosa. Era pura poesia o que me falava, e no entanto não concordava que lhe faltasse seriedade nas palavras escritas como me quería fazer crer porque estas elevavam-me, davam-me a mão e trazíam-me num regresso por vezes nem sempre fácil mas sempre acompanhado.
Sorriu, riu numa sonora gargalhada e depois sério olhos nos olhos falou do seu regresso, não do meu. Do êxtase da escrita e da queda fulminante de quem a faz, da precaução das mãos ao chão para não se magoar no rosto, das palavras escritas e a brevidade da sua vida na dependência de quem as pariu, o vento e o mar, a coragem e o espectáculo.

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