Não necessariamente para onde se quer e se há vontade para ir, mas todas as partidas pressupõem uma chegada. Há vezes em que manda o bom-senso que se parta, doutras o coração já partido foi primeiro e só depois se vai o corpo a ele juntar. Mas em qualquer das duas o conflito do adeus acompanha muito para além do momento da despedida e nem é preciso a lágrima, o abraço no cais, no porto, no quarto de hotel com um não quero que vás até lá que é pior, para que uma sensação de fosso se rasgue junto aos pés e a solidão abrigue como um manto trazendo as memórias do bom como fantástico e do mau como dilacerante. Na partida estamos sós, abandonamos qualquer coisa, um pouco do que somos.
Na chegada, a brevidade da dor revela-se e adoça-se se temos quem espera, uma esperança renovada tufa o peito e uma sensação de que só aquele instante poderia ser salvador conforta o laço cortado, mas os pés chegados ao destino daquele que se vê sem rosto conhecido para o segurar enraízam muito mais a razão da partida. E também a coragem da chegada.
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