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sábado, 30 de maio de 2015

Mar azul



Murmúrios ou gritos ou o silêncio escolhido no estalar dos dedos, uma distância de mim para ali, se puser a mão aberta à frente dos olhos entrecortando a luz do sol parece que não é nada, desaparece tudo, a descida íngreme das rochas até ao mar, o perigo das ondas a esconderem arestas à espera da carne das pernas ou somente o arrepio do escaldado contrastado na frescura, a água bebida, a água salgada pedida, a brisa a soprar, o caderno a folhear-se sozinho e a caneta perdida num buraco que é uma junção de duas pedras que há-de um dia ser areia que nunca será bastante para satisfazer castelos, desfazer o que não foi concretizado, dedos em figa para que se cumpra com fervor, daqui até lá um mar imenso dentro de mim, azul, azuis de tinta escrita nos olhos tão azuis do meu pai, nem murmúrios nem gritos e nem silêncios a pedido, apenas o som habitual do aparo da caneta a lembrar como é o mar num dia de sábado de sol.
 
 

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