Apetece-me dizer mas não me apetece escrever porque tudo me martiriza no verbo a chapada de luz que me devolve ao ler na sua verdade tão crua, que a partir deste instante, bastar-me-á ler as primeiras palavras para todo o resto do sempre se tornar memorável este dia como o dia em que me apeteceu apagá-lo. O dia.
Porque a vida tem destes dias, não um só, que se preferem não os ter, embora se queiram todos e mais um sempre, em que metaforicamente aspira-se a uma amnésia saltando os de desgosto, os de não escrever, mesmo que tenha de se dizer para ter a certeza que existiram e fazê-los crer aos outros e de seguida, muito rápido, de olhos fechados, racha-se a lembrança e o ser, finge-se a existência e nem somos nós, foi a outro que aconteceu. O dia.
Mas como nunca conseguirei apagar o dia e destas primeiras palavras já a memória não se livra, sempre as poderei voltar a escrever, tantas vezes quantas a força da mão até cansada se aquietar para no gozo da página e no convencimento do meu poder se resolverem no simples rasgar das folhas.
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