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quarta-feira, 29 de abril de 2015

Emaranhados[da escrita]




Não há dúvida que a chatice da escrita é que tem vida própria. Humores muito seus, a veia ou mais propriamente a falta desta, quando a folha se torna tão branca até fulminar e todas as palavras se afugentaram sem nexo, sem coesão, sem colchete que aperte um pensamento ao saber dizer.
 
A melhor boa-vontade torna-se um empecilho porque não se passa do conceito. Emperra-se à primeira palavra, segundo parágrafo, à emenda do primeiro, o que seja, espantam-se na separação entre planos, o que se busca e o que se acha, o que se escreve e como se faz escrita. E não tem tempo de acontecer e nem dia de regressar, a todos atinge com maior ou menor intensidade e sem botão de desligar da pardacenta figura em que se marasma frente ao impiedoso papel, fazemo-nos vitima e carrasco, por vezes em desculpas adiadas pela incapacidade que não conseguimos explicar. Por vezes, porque o sangue que corría nas veias secou e se fez pó. Por vezes, porque ferveu e precisa acalmar-se.
 
Mas a chatice da escrita, mesmo, é que é como o amor. É uma pedrada.

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