Ontem a Avó faría anos. E a Nina. Doses de vida. Doses de muita felicidade para mim, para quem com elas partilhou da sua bonomia, tranquilidade.
Dos olhos tão azuis da Avó que clarificavam todas as nuvens que escureciam os meus monstruosos problemas e me diziam tão mais que a boca pequenina no seu falar tão baixo que sempre teve oh 'pariga, isso daqui a nada não é nada, e magicamente deixava de ser, simples, como o pão com manteiga que me entregava para me entreter enquanto o crochet crescia nas suas mãos ou vestidos minúsculos muito complicados para as minhas bonecas se apresentavam prontos para o meu sorriso.
Do miado curtinho e o ronronar fortíssimo que a ágil Nina saudava quando eu entrava em casa e nos meus braços me fazía esquecer a desolação e cansaços do dia, encostando o nariz húmido e frio ao meu, à minha boca, as patas abraçadas ao pescoço como um cachecol, palavras minhas de humano, sons de carinho, calor ao peito, os olhos âmbar nos meus.
Ontem.
Qualquer dia que fosse. Doses que me entraram pela boca, pela alma e que hão-de viajar comigo um dia, uma bagagem que levo porque me é, também me faz quem sou.
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