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sábado, 25 de abril de 2015

As cores são tão vermelhas



Deixo-me estar.
Esta bolha é minha e inviolável, a dos momentos de glória em que mais ninguém penetra por muito que tentem há uma resistência nos meus olhos mesmo fechados ou até abertos que tudo me lembra, tudo me chega em vagas mas a seu tempo, sincronizadamente, para que eu possa dispôr e saborear, voltar atrás e repetir mas nunca saltar pedaços glutona, cada pormenor é um gigante e neste segundo puxado ao peito tem a enormidade que passou despercebido naquele presente passado, agora acarinhado nestas minhas mãos aconchegadas a fingirem-se de pequenas para segurarem tanto. Abertas parecem nada, deixo-me estar.
As cores são tão vermelhas como o tingido novo, lábios de papoila, vozes de pássaro ruidosas e estridentes como correrias em ruas íngremes a descer, olhos abertos, momentos de glória, trago de novo palavras repetidas que me sabem a novidades e o mentolado do meu sussurrar espevita a grandeza do que aprendi, do que tão pouco sabía, da fome que ainda tenho.
Deixo-me estar.
Lá fora a chuva cai forte, lava os contornos da recordação daquele dia e é tudo tão nítido, tão limpo como se estivesse para acontecer.


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