Todos os textos são originais e propriedade exclusiva do autor, Gasolina (C.G.) in Árvore das Palavras. Não são permitidas cópias ou transcrições no todo ou/e em partes do seu conteúdo ou outras menções sem expressa autorização do proprietário.

quinta-feira, 23 de abril de 2015

Aderências



Acrescenta-se umas horas à noite e é dia, um tanto que sobra para o resto ou o que falta para a travessia de uma ponte entre úteis e descanso, o que ainda tem de ser caminhado é de mais custo, este pedacinho que parece tão próximo do fim e não há meio de se conseguir ultrapassar, um Cabo das Tormentas que dilui a esperança desperdiçando a energia em agachamentos de procura, recolha, junção ao todo.
Mais um esforço, um só gesto de boa-vontade e quase lá, um pulinho de nada.
Apanham-se os bocados, fragmentos caídos de cansaço (mais um cansaço) e colam-se à figura. Nem se pensa que no salto de nada as rachas desses pedaços irão abrir, separar até nova queda, é a adrenalina que conduz o processo e que disfarça o artesão apressado.
E ainda assim a maioria das vezes resiste-se. Aguenta-se o bastante para alcançar a ponte, caminhá-la e fazer tudo de novo outra vez.
As costuras amaciadas pelo tempo de cura aderem-se, diluem-se. Como a lembrança.
Estamos prontos, somos prontos.

Sem comentários: