Todos os textos são originais e propriedade exclusiva do autor, Gasolina (C.G.) in Árvore das Palavras. Não são permitidas cópias ou transcrições no todo ou/e em partes do seu conteúdo ou outras menções sem expressa autorização do proprietário.

sexta-feira, 20 de março de 2015

Infanta [Quero lá saber!]



Sería hoje que um fundo musical romperia os céus, um fio de acordes em violinos, imitação de abelhas laboriosas nas flores repentinamente furiosas a esticarem braços finos e elegantes de tanto mês dormido a quererem mostrar cores e sedas de vestidos de pétalas e tonturas de perfumes misturados no voo inquietante de andorinhas recém lusitanas explodirem todos e à vez na confusão de se unirem para num só dia entontecerem cabeças, narizes e olhos trocados de não saber fixar ponto algum porque tanto sitio de olhar é demais pela beleza do acontecer e a terra ondular até levantar os pés, os meus, fazer-me erguer os braços em equilíbrio de cai-não-cai, rodopiar em gargalhadas de não saber porquê e gotas transparentes de um orvalho esquecido do dia passado servem de espelho para  outros dias ainda mais bonitos que hão-de vir, deixo-me ir, quero caír nesta terra de Primavera que sería hoje e termino o meu desenho de tinta permanente no canto de uma folha, joaninha avoa que o teu pai foi pra Lisboa.
 
 

Sem comentários: