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segunda-feira, 9 de março de 2015

Gaivotas




O que me confunde é o branco do peito destas gaivotas contra o chumbado do cimento, o seu poisar de patas ainda lembradas no navegar perto e no perto de garras na ponta trazidas de pequenos ratos que foram, agora restos ensanguentados ou até mesmo de sua espécie, remanescentes asas, bocados de voar arrastados, nem pios mais são, em capots ou tejadilhos de pintura cromada perfilados como jazigos sem flores, eu única visita, ateia sem vela e sem reza.
O que me confunde são estas gaivotas a meias com o Rio e sem interesse nele numa preferência de correria a ganhar embalagem no terraço das beatas esmagadas no apressado dos dez minutos de intervalo, para atacarem num bullying vadio, tímidos pombos que ainda se imaginam livres de arrulharem em círculos até tontos o namoro pegar a fêmea antes desta se perder pelo picado da gaivota mafiosa.
O que me seduz é perder-me no plano aberto das asas das gaivotas e deixar-me ir, dez minutos que me confundem uma vida num terraço de cimento quando apago um sonho de evasão.



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