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segunda-feira, 2 de março de 2015

Cefaleias



Onde não há é que dói, os cantos especialmente onde a luz não pode vir ou o som da voz ciciada aleija e o toque da seda magoa, é tudo invisível e por isso é que custa tanto acreditar, tanto quanto o peso de pestanas a cobrirem olhos quando se parecem envergonhar do desejo da aproximação dos lábios ao beijo, uma tonelada é quanto pesam, por isso tanto demoram a descerrar para o real do gosto, assim é esta ausência que perfura não se vendo mas que magoa, dilacera, incapacita, horizontaliza vomitando entranhas e obrigando a pinos onde o mundo parece acabar-se num furo pequeno, tão pequenino de uma cabeçada que se atira até dor maior se provocar para se esquecer esta que não se vê, lateja, bombeia, incha, parece rebentar, deseja-se tanto quanto aqueles lábios até neles se morder violentamente e o sangue sangrar para algum alivio sentir. Um pouco. O cérebro dentro da mão, esborrachar até parar de pulsar como único e vil. Dói onde não se vê, dói, é outro dentro de mim a matar-me.
 
 

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