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domingo, 15 de fevereiro de 2015

A casca de Domingo



Esta extraordinária aversão a Domingos - que está quase a tornar-se tão detestável quanto a que nutro pelas Quintas-feiras - tem o condão de me deixar dentro de uma casca que me incapacita para a vontade das comunicações, ou seja, de telha. O cheiro domingueiro dos fatinhos a desfilarem em procissão bem comportada na prole familiar em contraponto com a minha roupa surrada, deixa-me no canto, cansada que estou do uso de traje militarizado na semana útil só pretendo à-vontade, e ao cruzar-me no passeio do bairro, trela na mão e no final o cão que parece o lobo, decerto serei o tema da viagem breve de carro que os leva ao doce lar onde o almoço de reunião os espera de oito em oito dias, de seguida o espaço comercial do qual me resguardo e nunca sei de novidade alguma, e depois o regresso, ruidosos, portas de prédio a bater, eu às voltas nas linhas do caderno emaranhada na adivinhação da insónia que me espera. Porque será que nunca durmo de Domingo para Segunda?
Porque será que toda a gente detesta Segundas-feiras e eu não?

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