Todos os textos são originais e propriedade exclusiva do autor, Gasolina (C.G.) in Árvore das Palavras. Não são permitidas cópias ou transcrições no todo ou/e em partes do seu conteúdo ou outras menções sem expressa autorização do proprietário.

terça-feira, 6 de janeiro de 2015

Rebuçados


 
Racho uma fenda no tempo ao cerrar os olhos ao frio lacrimejante: Fumos artificiais em dedos que seguram cigarros invisíveis na tremura arroxeada da neblina que pousou um manto no horizonte, confundem cinzentos pálidos com vultos que muito rápido se aproximam silenciosamente.
Não é ninguém. Dissipações da imaginação, fermentação da fuga, não necessariamente nesta ordem, enquanto ardem os cigarros há tempo de voltar.
Adivinho um leito de rio onde não vejo.
Flores onde há peixes, Primavera morna quando não a quero, partir porque tenho de estar, voar porque tenho pernas e estas com balanço suficiente bem que seriam capazes do salto e quiçá, na correria, atingirem as águas evaporadas hoje em espuma, fumo, névoa, cor da cinza, resto de um cigarro mal apagado que se esboroa e tudo volta à terra, afinal o tempo de me adoçar a boca e esquecer amargos, um pequeno entretém que não cura a fome. Um rebuçado para disfarçar.

Sem comentários: