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quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

Estática




É nisto que dá ficar pronta antes da hora [pensou] amarrota-se a roupa e o tempo cresce e ainda parece que o atraso é maior, afinal nem sequer chegou a hora marcada e os nervos à flor da pele a electrificarem a maldita saia que não pára de se entalar entre pernas [passa as mãos rápido na saia em sentido descendente], talvez tenha tempo de mudar de roupa e fui gastar eu dinheiro nisto![levanta a saia em leque que dá pequenos estalidos ao ser erguida] Melhor não, bem capaz de ele chegar exactamente nesse momento, agora já está [consulta o relógio] e aliás já passa da hora, onde é que anda? Não gosto nada de atrasos, uma falta de respeito, vai ouvir-me, quem é que ele pensa que eu sou? [olha de novo o relógio, consulta o telemóvel, espreita pelo olho mágico da porta, vai até à janela] Está muito mal habituado, mas comigo não, só me faz esta! [bate no mostrador do relógio com a unha vermelha, o telemóvel preso na mão] Será que lhe aconteceu alguma coisa?  Posso estar aqui a condená-lo e ele pobrezinho, ferido, mal... ai![caminha rápido e curto] O melhor é ligar e saber, deve precisar de mim e eu aqui a fazer mau juízo[ligações sucessivas sem sucesso].[Choro].[Passa as mãos rápido pela saia que se electrifica com muitos ruídos à volta das pernas].[Arranca a saia].[Serve-se do vinho que tinha aberto e toma um copo de um trago só]. Afinal não lhe vou dizer nada, mesmo nada. Se ao menos houvesse alguém a dizer...?

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