Enquanto espero parto, o cacilheiro junto ao cais prende-se nos cabos e nos minutos e já tu me levaste fugitiva do olhar para murmurados segredos que me fazem esconder o sorriso entre mechas de cabelo de fim de dia, águas de remoinhos pequenos que me acompanham no trocista que te conheço, hás-de balançar o passadiço quando o marinheiro de olhos azuis estender a mão para o desequilíbrio e eu, tu e ele haveremos de saber o mesmo mas nada diremos.
Cumplicidades de quem te conhece e ama.
Hoje bem humorado, dias e noites hão-de aparecer que nos queres a não gostar-te, vá lá entender-se a tua grandeza... sendo tu quem és não te consola chamarem-te mar ou seres cama de caravela e navio ou apenas meu, do marinheiro, palete de cores, alimento, saudade, paixão, caderno meu tão vazio de coisas por ainda dizer...
Enquanto espero pelo cacilheiro que encosta ao cais e te olho suave é como se tivesse já partido, chegado à minha margem, entrado em casa.
(in Olhar com Vista sobre o Rio, 2012)
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