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quarta-feira, 22 de outubro de 2014

Vielas do desencanto




Não é de agora mas muito mais lhe sinto o afastamento, esclareça-se o meu dos outros e clarifique-se que dos outros também não há acção que se intente na proximidade ou procura a mim, por isso estamos quites no gosto, ou então serei eu que tudo faço para enxotar os de minha raça e estes sem paciência para as minhas caturrices voltam-se a coisa mais fácil de entender.
Sei que não sou meiga, muito menos meiguinha e de queridinha nada-nada.
De estomago que encaixe conversa a metro nem monossílabo me aguenta e os olhos traiem-me ao segundo no frete que confessadamente, bufo, e me afasto. Passei, no entanto, a engolir queda, a elegia do próprio, nada digo e aguento firme, guardo para mim e aperto a barriga entre braços traçados para o vómito não saltar, bato o calcanhar devagar (contaram-me o tique...). Mas da mentira ou distorção abro a boca como um salto, não me calo, passo os limites e já me apanhei a observar o rosto dos presentes horrorizados perante a minha atitude.
São ruas estreitas e com curvas que atrapalham a vista para o que se segue após, vielas que desencantam em vez de desencantarem descobrires, são facadas que esperam quem dobra a esquina escura e fechada ou assaltos ao peito para lhe levar o coração de bem.
Afasto-me dos homens, das suas vielas, sinto-me de dia para dia cada vez mais longe dos que me falam as mesmas palavras que eu trago na boca e penso com tanto medo, se as que eu digo não assustarão nalguma rua mal alumiada alguém de paz que por aí caminhe.


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