Todos os textos são originais e propriedade exclusiva do autor, Gasolina (C.G.) in Árvore das Palavras. Não são permitidas cópias ou transcrições no todo ou/e em partes do seu conteúdo ou outras menções sem expressa autorização do proprietário.

sábado, 9 de agosto de 2014

Olhar com Vista sobre o Rio (13)



Guinchos, encostos, rangidos, dores, abanões e safanões, a gaivota avisa ao alto que o sofrer metálico do som poético do casco esfregado no cais amparado é coisa rápida, quase não nota quem se dispara na correria do cuspo soltado da cabeça virada ao Tejo largado, 8 e mais, ponteiro danado que cai estragado pelo cheiro iodado e eu para trás.
 
Sinto o marulhar por baixo dos pés e não quero olhar.
 
8 e mais.
 
Tejo e tanto.
 
Ergo os olhos à gaivota agora pousada sobre um candeeiro, quieta, muito branca, o bico sol-selado e pergunto-lhe pela dor, mas o meu peito enche-se de um ar que não me cabe e o Rio balança o cais ajudando-me a partir para a cidade.


(in Olhar com Vista sobre o Rio, 2012)

Sem comentários: