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sábado, 4 de janeiro de 2014

Estrambólico



O fascínio do estranho e do complicado ou do apenas dimensionalmente diferente porque afinal, simples, outro ângulo, outros olhos, outros pés que se pousam a um tecto que cobre onde a ponta dos dedos querem esticar-se no jogo de sombras entreabertas quando a luz do sol espreita pela racha da cortina mole e pergunta o que fazes.
 
- Que fazes nessa coisa aí...
- Penso.
- Endireita-te, ninguém consegue pensar assim.
- A minha Avó dizia que o sangue me subia à cabeça.
 
Espera-se que as palavras escorreguem da garganta para o pensamento, que se murmurem e finalmente despertas se revejam na verticalidade da folha.
A perna em vela que descansa sobre o ombro e se deita bêbeda ao pescoço lembra árvores, porquê árvores, pontes e rios, passado e presente.
 
Na ponta da língua, hoje, só hoje, porque só hoje se entortaram poses para endireitarem pensamentos, ou a recorrência de palavras - estrambólico - na ponta da língua a apetecer experimentar ângulos onde a dimensão dos olhos de ontem conseguem entender o sabor da peculiar vontade de tudo ver do outro lado.
 
 

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