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quarta-feira, 23 de outubro de 2013

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Assim que a imagem a tingiu na claridade do reflexo um halo desenhou uma moldura fazendo todo o espaço exterior ao redor desaparecer, as vozes sumiram-se, a dela sussurrou-lhe entre os cabelos como estás bonita e sorriu e como um eco voltaram o som dos demais a repetir como estava linda, como ficava bem, uma pose quase rígida na tentativa de imortalizar a diafana contemplação de si mesma no instante da constatação, a dúvida pela vida e a certeza no segundo de toda uma mentira derrotada agora e ali à sua frente em vertical verdade, linda, não ouvira?
 
As verdades do espelho.
O mundo transposto na dimensão aquosa-sólida que exibe transparências visiveis ao reflectido, opacidades para olhos de terceiros, realidades virtuosas do lindo, realidades virtuais do distante observador, quantos mundos nesta verdade desdobrada na admiração de si próprio, em que o espelho se deixa penetrar pela imagem de narciso e catapulta os outros para o papel da respiração, materialização do espelho, objecto frio e quebrável ao estalar da fantasia.
 
Assim que a imagem antiga voltou à claridade do reflexo no espelho uma escuridão apagou-lhe os olhos, regressou ao seu tamanho, perdeu a voz que lhe sussurrara entre cabelos, só a pose rigida se manteve por não saber o que fazer perante pessoa tão triste que a si se apresentava.
 
 

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