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terça-feira, 22 de outubro de 2013

O bater do coração (vinte)


 
 
Nunca ofereci nada a ninguém que eu própria não gostasse. Sentir-me-ía traída no gesto de dar que é um dos grandes prazeres da vida. O retorno é a observação da felicidade, do brilho dos olhos, da coloração das palavras, da falta destas, das mãos quentes nas nossas, do abraço, do silêncio. Que é sempre tão enorme e gratificante.
Escrevo para mim, por necessidade. Quantas vezes já o disse?, perdi-lhe a conta às repetições. Os que de mim saiem não são personificações de mim nem figurinhas inventadas para desempenharem este ou aquele papel numa história. São outros independentes da minha vida e carácter, com pernas para andar e solidão para moer ou companhia para amar, nada me devem, nada lhes quero. Exigem-me mãos e tempo, empresto-lhas quando me batem à porta, não lhes dou o meu nome, não os baptizem de mim porque não acodem.
Terão eles sim, as suas personagens inventadas como eu tenho minhas no tempo de ficção. É esta a nossa semelhança, é esta a nossa diferença. Como tantos que escrevem por aí fora. Para seu contento ou de outrém, que os há.
Basta-me satisfazer o que escrevo, essa é a minha mola, a minha oferta. Mas não dou o meu nome aos meus eus.
 
 


2 comentários:

marisa disse...

Eu gosto do que nos ofereces, gosto mesmo muito. Não me canso de o dizer. Obrigada.
Grande abraço
marisa

Gasolina disse...

Olá Marisa,

Obrigado por gostares.
Porque assim o que escrevo é para ti também.


Um abraço, um beijo