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segunda-feira, 14 de outubro de 2013

Click


 
Semana útil, debutante, abram-se as horas e as luzes, lá fora a madrugada ainda canta de galo mudo que é de respeito os minutos até sessenta e muitos e o importante é agora entre quatro que se fazem redondas para abrigar costumes na rotina do braço esticado para o cabide puxado até ao peito.
Hoje vais tu, diz à menina do espelho e a menina do espelho calada de cabelo em juba espreita a moldura da prata que a prende, não pode escolher, só sabe que hoje vai ela.
Vai de vestido, vai de sapatos, vai de cabelo magoado entre ganchos que suspiram entrançados nos segredos que trouxeram aos ombros do vestido guardado.
É uma figura que se vê de frente, pendurada por um cabide puxado ao peito. Vai e funciona. Como um realejo a que se deu corda para tocar pelo tempo da troca de uma moeda. Depois perde a força, o vestido ganha vincos, amarrota-se, os sapatos cambam-se, desprendem-se os ganchos, solta-se a melena, quer a menina calada à viva força ganhar voz e ser outra. Ser ela mesma.
Cerra as portas do roupeiro. Tudo arrumado.
Click.
Onomatopeias de um coração que chegou ao sitio.

 

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