Final de tarde quente, final de semana útil, final de terra à beira do rio, final de bebidas a refrescar o que resta da força nas gargantas entre amigos. Ela tira os óculos de sol, tapa os olhos com as mãos, empurra as pálpebras, esfrega, pestaneja, estica, pestaneja, cerra com força, abre até esbugalhar.
Os amigos observam calados as movimentações.
Sente-se compelida a oferecer uma legenda a tais figuras.
- Cada vez estou a ver pior. Deve ser de tantas horas no computador ou vista cansada, não sei...
Continua os exercicios.
Continuam a olhá-la sem proferir palavra.
- Convosco não acontece?
Ainda silêncio.
- Acho que estou a ficar ceguinha... sinceramente!
Um amigo bate com o copo no tampo da mesa após sorver o restinho da bebida.
- Querida, cão já tu tens, eu ofereço-te a bengala!
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