Iço velas, aproveito o vento e deixo que a mão frouxa se abra para libertar a bússola, não posso permitir-me à sabedoria de conhecer o porto onde amarro cordas, toda a sapiência é aprender. Da outra mão faço uso à força e seguro-me na madeira dos sentidos, nunca me senti tão alerta e viva como neste instante, animal que sou para quê negar a minha fome, vou roendo céu à medida que rasgo olhos para vencer medo de avançar no fio que me molha a boca e o nariz.
É tudo novo.
Tempestades que me deitam pelo fundo e que tento erguer, a quatro, de pé, em vão, de borco, aprendo que o chão me é próximo e firme. Um dia receber-me-á, um dia o céu sem pedaço comido assiste. Azul.
Enrolo velas, dedico-me a elas ajeitando-as no seu dormir e admiro o céu tão leitoso de anil brando enquanto me embalo na mansidão que o vento permite. Dou as mãos, um encaixe de concha que guarda as linhas dos meus segredos, pérola rara, o que vou aprendendo todos os dias.
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