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sábado, 7 de setembro de 2013

Um nada de mim



Desde criança, muito criança mesmo, que soube que quería dançar. Não havía equívocos, eu sabía. Mesmo quando as pessoas grandes me fazíam as perguntas do costume e me tentavam encantar com  fascinios sobre outras profissões mais populares entre as meninas eu abanava a cabeça e punha-me nos bicos dos pés e afirmava bailarina. Ninguém me levava a sério, todos achavam muito engraçado e batiam palmas.
Claro que cresci como todas as crianças e mantive a minha convicção. Contra a vontade dos meus pais e o rumo da minha vida desviou-se da minha vontade. Ainda assim, fiz a minha carreira académica e mantive-a a par com o meu sonho, nebuloso e esfiapado. Dei aulas de ballet, coreografei e um dia disse que aquele era o meu último dia ligado à dança.
As letras sempre viveram ao lado das sapatilhas. Escrevía porque sim e porque não, porque precisava para me sentir livre a partir de certa altura e porque a vida sabática também tinha estado intimamente ligada ao verbo.
Gostava de ter tempo para escrever, para aprender a escrever, para treinar as palavras, ensaiar o verbo.
Mas a minha actividade profissional nada tem de relacionável quer com a dança quer com a escrita.
Até alguns daqueles que de mim saiem e me usam nas mãos e tempo, independentes da minha vontade e carácter, são mais genuínos e verdadeiros às suas vocações do que eu.
Sou tudo o que não sou.
Ah! E já agora... Também não sou a da foto acima. Isso sería um verdadeiro milagre, é do Séc. XIX.
 
 

2 comentários:

Selma Barcellos/Bloghetto.com.br disse...

Gasolina, que alegria ler este seu texto tão caro a nós que um dia calçamos as sapatilhas... Você não imagina o pulo de alegria que dei ao ler suas palavras no Bloghetto. Deixei-lhe um recado de puro afeto. Promete-me que aparecerá mais? Encantaram-se com você por lá...

Beijo imenso.

Selminha

Gasolina disse...

Beijo enorme Selma!

E que epopeia foi para descobrir-te e que afinal acabou por ser obra do acaso encontrar-te.

Abraço apertado de saudade!