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sexta-feira, 6 de setembro de 2013

O livro negro dos homens (seis)



Usam-me muitas vezes como depósito de lixo dos sentires, das raivas, das angústias, da falta do caminho procurado na diversão das setas indicadoras e hesitantes na opção certa como se eu detentora de uma bola de cristal, pudesse ver além.
Não tenho bola mas tenho fundo e este vai ficando cheio destes venenos que se empilham e revezam e me maltratam, virando-se a mim porque não fincaram os dentes no dono. Substituem-me o sangue e a energia, idos com os falantes, deixam-me o tóxico para me entreter nas noites que me querem de insónia a fio, preocupada, levantada, nervosa, mil vezes matada nas palavras ouvidas que nunca partirão de mim.
Os outros vão-se, aliviados dizem-no até, sem peso na carga da consciência, prometendo ventos e chuvas, referindo obrigado, um muito obrigado.
Não quero agradecimentos.
Só gostava que quando me lessem nos olhos o anúncio do derrube parassem. Não me sorrissem e partissem a dizer que não é nada, que eu encaro de frente porque sou eu.


(Lx. 03-02-2010)

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