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quinta-feira, 26 de setembro de 2013

Não sou do contra mas gosto de chuva



 
Antes de se ver já se sente, fareja-se, imagina-se o som estalado quando pisa a terra e chega forte. Veio mansa. Tímida. Quase como um pó que incomoda e se sacode deixando um rasto molhado na palma da mão aos tolos que pensam que a sua quase invisibilidade é apenas um estado passageiro que lhes atraiçoou um pedaço do dia.
Eu quero-a e peço-a, condenada pelos demais que me ostracizam pelo gosto invulgar e me imaginam em corridas fortuitas de jornal à cabeça e queixume pendurado nos lábios mal ela desponta, já disse, quero-a, agora que venha à séria e liberte o cheiro da minha recordação no solo quente e alcoólico que racha aos primeiros pingos e depois se empapa em lamas escorregadias.
Intermitente nas chapadas de vento, dá-se a ver e afasta-se, toca-me e seca, um tira-gosto que me acelera o apetite e dá espaço ao verbo.
Hoje há música, hoje danço.
 
 

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