Já não sou eu, sou tu, sou as tuas pernas que andam numa marcha vigorosa a queimar ruas à procura de coisa nenhuma, um passo aberto e certeiro a atingir pedra e terra, distâncias na horizontal que se enterram na vertical até ao centro do inferno, sentir a dor no músculo, sentir as dores dos tendões que se encolhem pelo tamanho de tantas esquinas dobradas sem achar créditos na correria suada da busca de mais uma papoila vermelha, não quero ser tu, não te quero sentir nas minhas pernas e ver-te nas minhas pernas, não quero que nos confundam nos passos de costas e digam que somos iguais, porque não sou, porque quando corro por estas ruas fora mesmo sabendo que já não estás é por ti que procuro ao não te achar, e embora o calem no segredo não acredito que foste embora.
(Ao meu irmão)
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