Ninguém há-de saber, nem precisam, haverão de pensar o que sempre pensaram, que somos bonitos e felizes porque os que são bonitos são sempre muito felizes e até ricos embora isso não seja para aqui chamado e das riquezas havería muito para falar, das de dois tipos para começo de conversa mas não é dessa que queres falar pois não? pois, como te dizía, ninguém vai ligar a nada, porque só olham o que os olhos veem de frente, o que a boca engana, nos cantos para baixo quando os sorrisos dos olhos já não acompanham a comissura é que é mais dificil e poucos o notam, por isso deixa estar, ninguém há-de saber e nem precisam, e lágrimas nem pensar, não te ponhas com ar de piedade depois de teres dito o que disseste, não vai bem, percebes? é como um bom fato com sapatos por engraxar, ou uma fatia de queijo acompanhada por um copo de água, nem embeleza nem alimenta convenientemente e isto passa tudo pela conveniência, não é? somos bonitos, não podemos, ninguém o vai saber, agora já disseste, vai à tua vida e não demores e principalmente não olhes para trás, aí sim, podíam desconfiar, beija-me o rosto, um beijo só, perdido entre o cabelo e a face, nada na testa, é o melhor, olha para mim e sorri agora, ninguém vai perceber, as despedidas são mesmo assim, mas já sabías, não é? ou achavas que me dizías adeus e eu chorava? somos bonitos, quem é bonito não chora, ou somos ricos e quem é rico não chora? ajuda-me, já não sei como é, dá-me a tua mão, o beijo e vai-te embora, ninguém há-de saber.
CAPÍTULO QUARENTA - DE VOLTA A CASA
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Ao fim de pouco mais de três meses Alberto fechou a conta e a familia
regressou à casa renovada.
Maria da Luz apenas tinha ido por uma vez ver o decurso das...
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